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LITERATURA PARA NOSSAS CRIANÇAS

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out 03 2011
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Algumas coisas, de tão acostumados que estamos com elas, acabam parecendo ser “naturais”. A representação do negro nos livro infantis e infanto-juvenis, por exemplo, é uma delas. Na verdade, há uma ausência de representação positiva do negro. Incrível que na maioria dos livros paradidáticos adotados pelas escolas o afrodescendente, quando não está ausente, está geralmente sub-representado sob a forma de personagens com as quais as crianças não querem ou não conseguem se identificar.

Espantoso é que essa situação se perpetue ainda hoje, de forma “naturalizada”: é “natural” não vermos personagens afrodescendentes positivas nos livros infantis e infanto-juvenis. É tão “natural” que parece que a maioria das pessoas não está ligando muito para isso: as crianças têm pouco interesse pela leitura; para os professores, questões desse tipo passam a ser secundárias, diante de tantos problemas referentes ao sistema educacional; os pais optam por seguir a cartilha do que está “naturalmente” aí; assim as coisas acabam permanecendo como estão.

Quem quer estimular nas crianças o hábito da leitura sabe que por vezes esse caminho apresenta muitas dificuldades. Oferecer a elas livros não basta, é preciso que nos coloquemos como exemplo, lendo. No entanto, em relação às crianças negras, será que o fato de elas pouco se verem representadas de uma forma prazerosa nos livros infantis e infanto-juvenis não contribui para o seu afastamento da leitura?

Há algum tempo a média de livros lidos pelos brasileiros girava em torno de 1,8 livros por ano. Essa média passou para 4,7 livros/ano, contra, por exemplo, 10 livros/ano dos EUA. Mesmo nossos hermanos argentinos leem 5,8 livros/ano. Desses 4,7 livros lidos pelos brasileiros, 3,8 são didáticos. Certamente os programas de incentivo à leitura desenvolvidos pelo último governo têm contribuído para o crescimento do acesso aos livros.

Mas nesse universo de leitura, o mercado e os leitores ainda continuam em patamares bem antigos. Os livreiros e o sistema educacional ainda não foram suficientemente sensibilizados pela lei 10639 para ofertar em quantidade livros infantis e infanto-juvenis protagonizados por afrodescendentes.

Nossas crianças ainda não encontram, por exemplo, facilmente um herói negro, a despeito de termos na vida real a referência de Zumbi dos Palmares e outros.

Embora tenhamos o livro “Zumbi, o Pequeno Guerreiro”, o zumbi que a maioria das crianças conhece é o dos filmes norte-americanos − na verdade uma salada que mistura ghouls (demônios da mitologia árabe, habitantes dos cemitérios) com o haitiano zombi ou nzumbe, uma espécie de “deus”.

Tivemos revistas em quadrinhos com a personagem Luana, temos vários autores, como Kiusam de Oliveira, Cidinha da Silva, Edimilson Pereira, Esmeralda Ribeiro, Kayodê, Allan da Rosa, Sacolinha, Maria Rita, entre outros, que escreveram livros para crianças com uma visão “de dentro”, em que é difícil ocorrerem certos deslizes, como o recentemente acontecido na cidade de Londrina, na qual o Ministério Público mandou recolher livros didáticos que se propunham a “vivenciar” a cultura afro e indígena, mas cujo conteúdo era equivocado.

Sem dúvida é fundamental termos referências afrodescendentes positivas, talvez mesmo heróis, como abordado no conto “Identidade”, do CN32, para ofertarmos às nossas crianças de todas as cores e ajudá-las em sua formação e autoestima. A questão é se a maioria se dá conta disso e se as pessoas estão dispostas a exigir isso dos professores, do mercado e de si mesmas.

Podemos e devemos dar a devida atenção a uma literatura infantil e infanto-juvenil com personagens afrodescendentes positivas para que crianças e jovens de todas as cores se vejam e vivam com mais intensidade o prazer da leitura.

Axé!

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(Este texto é dedicado ao nosso companheiro e colaborador dos Cadernos Negros, professor José Luanga Barbosa, falecido no dia 04 de julho, autor do conto “Identidade”, publicado no Cadernos Negros 32)

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Sobre Lino Guedes e Machado na Caixa

Posted in Comentários, Informes by admin
out 03 2011
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60 ANOS SEM LINO GUEDES


Olhar a estrada que ficou para trás é também descobrir marcas do protagonismo afro-brasileiro ao longo da história.

Ao invés do papel passivo de coadjuvantes a que nos relegam a historiografia e os relatos “oficiais”, em cada ponto dessa estrada redescobrimos uma associação, uma entidade, um militante que deixou marcas que resistiram às tentativas de invisibilização.
Este é o caso do poeta e jornalista Lino Guedes.

Há dúvidas sobre a data de nascimento de Lino Guedes, uns autores dizem que foi em 1897, outros afirmam que foi em 1906.

De todo modo, Lino Guedes faleceu em 1951. Portanto neste ano de 2011 completam-se sessenta anos de seu desaparecimento.

Poeta, romancista, ensaísta, Lino colaborou com vários jornais, dentre eles Diário do Povo, Correio Popular, Folha da Noite e Diário de São Paulo. Atuou na imprensa negra, entre 1923 e 1924 no semanário Getulino, sendo, posteriormente, editor do jornal Progresso. Publicou, dentre outros livros, “O Canto do Cisne Preto” (1926); “Ressurreição Negra (1928); “Urucungo” (1936); “Negro Preto Cor da Noite” (1936).

Dotado do mesmo objetivo de “elevação da raça” que norteia ações de entidades como a Frente Negra, por exemplo, Lino Guedes faz de seus escritos uma constatação lírica das desigualdades e da necessidade de ressurreição moral do povo afro.

Aliás, é interessante notar como num pós-abolição em que eram altos os índices de desemprego e analfabetismo entre a população negra, mostra-se forte a crença na atividade jornalística, literária e educacional como um meio de vencer as adversidades.

Escrevendo majoritariamente poesia, Lino faz do povo negro o personagem principal de seus versos, os quais não negam as atrocidades da escravidão e do racismo, mas transformam o que deve ter sido intensa dor numa experiência estética de superação. Também é recorrente a ideia de que um comportamento moral exemplar é necessário para que a aceitação do negro seja maior por parte da sociedade. Isso faz com que a poesia de Lino Guedes se mostre singela, formalmente distante dos anseios revolucionários de um Solano Trindade, por exemplo, mas a necessidade de expressão por vezes extrapola os limites corretos em que precisa se enquadrar.

Outra faceta interessante é o fato de Lino mostrar a mulher negra em sua poesia de uma forma muito lírica e próxima. É como se pudéssemos visualizar sua Ditinha, lembrando-nos de namoradas, esposas, irmãs, primas, vizinhas….

Lino tem o mérito de trazer o povo negro como protagonista de sua literatura e foi um dos autores que mais publicou.

Seguem abaixo dois poemas:

NOVO RUMO!

Negro preto cor da noite,
Nunca te esqueças do açoite
Que cruciou tua raça.
Em nome dela somente
Faz com que nossa gente
Um dia gente se faça!
Negro preto, negro preto,
Sê tu um homem direito
Como um cordel posto a prumo!
É só do teu proceder
Que, por certo, há de nascer
A estrela do novo rumo!
(Negro preto cor da noite, 1936)

DITINHA

Penso que talvez ignores,
Singela e meiga Ditinha,
Que desta localidade
És a mais bela pretinha:
Se não fosse profanar-te,
Chamar-te-ia… francesinha!

Então, quando vais à reza
Com teu vestido de cassa,
Não há mesmo quem não fale,
Orgulho da minha raça:
– Olha que preta bonita
E que andar cheio de graça!…

Se às vezes sorrio, a esmo,
Não me tomes por caduco.
Com teu vulto nos meus olhos,
Ando como aquele turco
Que, doloroso destino,
Ao te ver, ficou maluco…

Ah! Se souberas, Ditinha,
Que por sob essa aparente
Frieza, (quem tal diria!…)
Eu peço constantemente,
A Deus que um dia nos ponha
Numa casinha sem gente…
(Dictinha, 1938)

Fontes:
http://www.portalafro.com.br/linoguedes.htm
www.letras.ufmg.br/literafro
http://www.palmares.gov.br/?p=1892

 

SOBRE O BRANQUEAMENTO DE MACHADO DE ASSIS EM REDE NACIONAL

Pois é, valeu a grita dos intelectuais comprometidos com o Brasil de verdade, não com aquele Brasil idealizado pelos ideólogos do branqueamento e das desigualdades. Depois que foi veiculada uma propaganda com um Machado de Assis “limpo” de suas origens étnicas (grande bobagem), e depois que professores como Eduardo Duarte e Ana Maria Gonçalves publicaram textos denunciando isso (um deles aqui: http://revistaforum.com.br/idelberavelar/2011/09/18/a-caixa-economica-federal-a-politica-do-branqueamento-e-a-poupanca-dos-escravos-por-ana-maria-goncalves/), a Caixa Econômica resolveu retirar do ar a propaganda, e enviou uma carta à Seppir, veja a seguir um trecho:

“Carta à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República sobre campanha dos 150 anos da Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal reafirma a esta secretaria e aos movimentos sociais por ela defendidos o seu compromisso com a responsabilidade social e o respeito à diversidade. Esta instituição sempre estará alinhada com política de igualdade do nosso Governo Federal, regida pela justiça social e oportunidade para todos.

Em suas peças publicitárias, a CAIXA sempre buscou retratar a diversidade que caracteriza o nosso país, como pode ser demonstrado nas campanhas elaboradas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da própria Seppir.

No entanto, a CAIXA pede desculpas por sua última peça publicitária comemorativa aos 150 anos do banco, que teve como personagem o escritor Machado de Assis. A CAIXA lamenta que a peça não tenha caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com sua origem racial.

A CAIXA informa que suspendeu a veiculação e tomou providências para anulação do pagamento da campanha, elaborada por agência publicitária contratada pelo banco.”

Parabéns à Caixa Econômica pela rápida atitude e solução!
Parabéns aos que não ficaram calados diante do fato.

Agende-se: dia 09 de outubro tem a Pílula de Cultura das Crianças na Casa das Caldeiras em SP.

em novembro tem a Marcha de Zumbi, no dia 20

E AGUARDE: EM DEZEMBRO TEM O LANÇAMENTO DO LIVRO CADERNOS NEGROS 34, DE CONTOS

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