Rubens Augusto


ROSA

Tomba mais uma pétala
desfiada da Rosa
Ascende-se mais uma chama
a queimar as ervas do campo
É o tempo a vagar
leso e sorrateiro
É a vida que se vai
fumaça ao vento leve
Como se da escuridão noturna
pequenos halos de luz
se levantassem e pairassem
a formarem auréolas sem santos
É a divina providência
a rogar muda e só
É a salvação
que a ninguém salva
Como se os olhos fossem
incapazes de ver
Se ao coração fosse impossível
sentir com firmeza
a menor possibilidade de amor,
o viço das flores
e o ritual das aves.
Desfia-se a Rosa
como Rosário,
a certeza do amor menor
enche o peito de melancolia
tira toda força com a qual lutar
Já não há motivos para ir
de encontro ao vento
Já não há motivos
para ser contra o fogo
As luzes invadirão o ser
para que, então, talvez
possa-se sentir o gosto
e o cheiro da Rosa

 

Rubens Augusto mora em São Paulo