nome=OUBI INAÊ KIBUKO&texto=Oubí Inaê Kibuko, nome africano de Aparecido Tadeu dos Santos. Filho de Edgard (Mestre Puca) dos Santos, operário braçal, e Dalva Francisco de Camargo, prendas domésticas, nasceu em São Paulo/SP, bairro do Tucuruvi, em 26/10/1955. Autodidata, é escritor, fotógrafo, editor responsável de Cabeças Falantes Online – informativo afro-cultural brasileiro: http://igspot.ig.com.br/orisfalantes / www.cabecasfalantes.hpg.com.br. Desde 1988, reside na COHAB Cidade Tiradentes, zona leste paulista, e atua como colaborador de associações locais, atuantes no cenário sócio-cultural. Contato: Tel.: (55-11) 9750-1542 E-mail: oubitelapreta@ig.com.br / oubitelapretaprodu@ibest.com.br Sites: http://igspot.ig.com.br/oubitelapreta / www.oubitelapretaprodu.hpg.com.br ­ O QUE É ESCREVER Uma canção em ritmo de poesia. Timidez, gosto pela arte, falta de apoio, conflitos, isolamento defensivo, decorrente de condições precárias e crises familiares, por volta dos meus 11/12 anos. A palavra, caneta e caderno tornaram-se amigos inseparáveis de sentimentos, reflexões, ideais... Paixão adolescente não vivenciada por uma prima me fez poeta-sonhador de uma realidade possível. As somas deste resumo, incluindo a tomada de consciência negra em 1978, através dos gurus Neuza Maria Pereira, Vanderlei José Maria e Hamilton Cardoso são meus temas preferidos. A história não conta, mas fui um dos colaboradores na redação do 1º manifesto do MNU. CRIAÇÃO Uma possessão orixalizante. Não tem hora nem local para me pegar. Palavras e metáforas incorporam-se, despertando-me idéias, emoções... Se não paro e escrevo, nem que seja um rascunho, travo e piro. Geralmente escrevo a noite, passando a limpo os rabiscos surgidos durante o dia. Gosto de escrever em casa, ouvindo música instrumental, cercado pelos livros de consulta. Passo para o computador as idéias rascunhadas e vou formatando de acordo com o que o texto pede ou impõe. AUTORES QUE INFLUENCIARAM Eu não diria autores. E sim obras de alguns que ainda me influenciam: O circo de bonecos, peça infantil, Oscar Van Pfhul; So Long Jim Matou, Marcial Lafuente Steffania; Encarnação, José de Alencar; Seara Vermelha, Jorge Amado; Negras Raízes e Autobiografia de Malcon X, Alex Haley; Batuque de Tocaia, Cuti, Cantares ao Meu Povo, Solano Trindade; Os Bruzundangas e Clara dos Anjos, Lima Barreto; Contos Fluminenses e Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis; Canto Armado, antologia temática de poesia africana, organização Mário de Andrade; Paixões Crioulas, Márcio Barbosa; Contos de Amor Rasgados, Marina Colasanti. Admiração é pelos trabalhos de Esmeralda Ribeiro, Sidney de Paula Oliveira, Cristiane Sobral, Lourenço Cardoso, Conceição Evaristo, Landê Onawale, Lia Vieira, Oswaldo de Camargo, Miriam Alves e uma lista de outros que não cabe aqui. MERCADO Mercado somos nós, produtores, que o fazemos. Uma obra bem produzida e divulgada certamente encontrará ávidos leitores. Iniciativas editoriais da própria coletividade afro, mesmo que pequenas, como a Selo Negro Edições, devem ser empreendidas, visto que, as editoras tradicionais ainda olham o escritor negro com um certo desconfiômetro. Ranços conscientes ou não do racismo brasileiro. Quem perde é a história e cultura nacional. LITERATURA NEGRA X LITERATURA NÃO TER COR Arte pela arte o Parnasianismo já cumpriu sua missão. Seja universal, ousado, inventivo, ilimitado. Fale visceralmente da sua tribo com todas as cores que ela possui nas veias da sua alma... Nossa trajetória tem nos dado tantos temas, que podemos nos dar ao luxo de escolher qual assunto queremos abordar. IMPORTÂNCIA DA LITERATURA AFRO Como um grande quilombo instalado na consciência do ser. Quem lê, adquire visão critica e se torna agente ativo no resgate, afirmação, solidariedade, auto-estima e intercâmbio na criação da identidade de um povo que está se re/encontrando e, tem muito a dizer e a escrever, para resistir ao silêncio que ainda tentam nos impor... O QUE DEFINE A LITERATURA AFRO Definição neste estágio é um campo movediço. A retomada da produção literária nos anos 70, até o presente, tem trazido a público mais poesia. Falta uma quantidade eqüitativa de teatro, cinema, conto, romance, novela, crônica, ensaio, biografia... Cadernos Negros é um exemplo. No ano em que ele é dedicado a poemas, uma enxurrada de poetas se faz presente. Quando se alterna para o gênero conto, diminui. Inclusive a presença de autoras. A mulher negra ainda se encontra em estado tímido em relação à literatura. LITERATURA X PANFLETO Sim. Sem nos esquecermos que a literatura pode ser reflexo e porta-voz do tempo em que vivemos. Com sensibilidade, maestria e profundidade transcendente é possível mesclar os dois gêneros. Filho Nativo, Richard Wright; Mayombe, Pepetela; Os flagelados do vento leste, Manuel Lopes; A vida verdadeira de Domingos Xavier, José Luandino Vieira; Um fuzil na mão e um poema no bolso, Emmanuel Dongala, Negros em contos, Cuti; O carro do êxito, Oswaldo de Camargo; Jazz, Toni Morrison; Balé das emoções, Geni Guimarães são alguns exemplos. SER ESCRITOR AFRO-BRASILEIRO “Ofício bom, palavra em preto no meu peito/sem você eu vou morrer”. Legado, Oubí Inaê Kibuko, Cadernos Negros 19, poemas.